Nilson José Machado
Professor de Didática da Matemática da USP
A LEITURA, A ESCRITA, O LUXO
Ler, escrever e contar é o que
deveria resultar dos estudos escolares, diziam nossos avós. No antigo Egito, a
leitura era ensinada a todos, mas o ensino do cálculo não era generalizado e a
escrita era destinada apenas aos filhos das classes dominantes. Em Roma, os
escravos que conduziam tais crianças à escola eram chamados “pedagogos”. Em
latim, paidòs é criança, e agogòs, condutor. Os pedagogos
aprendiam a escrita para poder ajudar as crianças em seu aprendizado. Hoje, é
incompreensível uma dissociação entre a leitura e a escrita. A expressão de si e
a compreensão do outro são competências complementares. Ler é fundamental para
seguir regras com consciência, mas a expressão pessoal é vital, e a escrita é
essencial para isso. A oralidade esvanece, a escrita permanece. Animais
comunicam-se oralmente; a peculiaridade do ser humano reside na escrita. É
preciso ler e compreender o mundo, mas, na escola da vida, temos que assinar o
livro de presença. Decididamente, a escrita não é um luxo.
Fonte: Disponível em: http://nilsonjosemachado.net/mileuma.html. Acesso em: 17 maio
2013.